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Dayse & Trash Adventures: Um Post Imenso Sobre Diário da Princesa

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1Vamos começar com retrospectiva! Quando você conheceu O Diário da Princesa? Fique à vontade para usar recursos audiovisuais pra fazer a gente realmente sentir a década passada. Estava tocando Avril Lavigne quando Meg Cabot entrou na sua vida? SIM? NÃO? Flashback!

2Eu tinha doze anos e já tinha visto poster do filme num passado não muito distante. Aí estava passeando numa feira do livro que minha escola costuma ter de dois em dois anos,  e um dos estandes estava vendendo O Diário. Nossa tarefa era comprar pelo menos um livro na feira pra fazer um trabalho sobre. Isso mesmo, eu ganhei nota pra ler O Diário da Princesa. Detalhe: no ano anterior eu tinha ganhado nota pra ler Harry Potter. HEHE. Enfim, eu fiquei fã, e a partir de então fiquei ligada nas continuações e lançamentos e etc. Eu lembro que quando o quarto lançou eu estava tão desesperada que ligava na livraria todo dia pra saber se tinha chegado, e quando chegou eu disse desesperada “RESERVA UM PRA MIM” e a menina ficou “ok…” e eu disse desesperada pra minha mãe “TEMOS QUE IR AGORA!!!!11″ e minha mãe me achou exagerada, mas me levou mesmo assim. Cheguei lá e disse “eu deixei um livro reservado agorinha…” e a menina “O Diário da Princesa?” e eu “sim!” e a menina andou até uma mesa onde tinha uma pilha com uns 50 livros roxinhos e eu fiquei super “…obrigada”, me sentindo uma idiota por ter sido tão desesperada.

1Estava em Recife — devia ter uns onze anos? — e família & eu fomos à Cultura do Paço Alfândega, que era de LONGE a maior livraria que eu já tinha visto até então. E lá estava O Diário da Princesa em toda sua glória. Foi um dia muito bom! Li tão rapidinho quanto se lê um livro da Meg Cabot, independente da idade. (Tempos depois, até quando estava lendo livros dela que estavam me causando certa irritação — e a frequência desse sentimento foi crescendo ao longos dos anos até eu decidir parar de ler Cabot, apesar de ter aberto uma exceção esse mês —, eu NÃO CONSEGUIA parar de ler. O que é essa magia?)

Adiantando uns dias: na viagem de volta, a gente parou numa praia. Não estava muito na vibe da coisa toda e aí fui ao carro pegar meu adorável volume rosa. Ainda sinto uma sensação boa quando me lembro, aquela tranquilidade de passar páginas enquanto sentada em uma cadeira de plástico, os pés na areia. E de não me sentir entediada, apesar de que, sabe, eu tinha lido aquela história fazia nem uma semana.

Muitos, muitos séculos depois (menos hiperbolicamente, semana passada): decidi terminar de ler a série! Tinha parado no sexto, lá por 2007. E pra falar a verdade, não tenho a menor memória de como cheguei à conclusão de que eu precisava fechar tal etapa da minha vida. Você se lembra…?

2Foi por causa do meu post sobre romance. Imagino que minha menção à Michael/Mia te trouxe boas lembranças e você decidiu concluir esse ciclo. A PROPÓSITO, suponho que devamos avisar pessoas que estão lendo de que spoilers são inevitáveis, mas, MAIS DO QUE ISSO, se você leu essa série há muito tempo e guarda uma lembrança boa e quentinha daquela época, TALVEZ você não queira ler esse post. Porque assim como a pílula vermelha de Matrix, pode acontecer de certas percepções serem despertadas em você e talvez suas memórias boas acabem ficando um pouco mais amargas (como ficaram pra mim) (mas no geral acho que ainda posso dizer que sou fã de O Diário da Princesa. É só aquela questão clássica de “POR QUE DEZ LIVROS?”, que na verdade tive até enquanto lia a série.)

1 Ah, é! O post sobre romance. Então, sim, eu disse, ei, sabe de uma coisa, é hora de terminar de ler! Tinha largado sem intenção, era só o fato de que mais livros interessantes iam surgindo na minha existência e a vida da Mia já não parecia ter aquele brilho do primórdio. E mais pra frente peguei enjoo da bibliografia Cabotiana num geral.

Dayse, sendo Dayse e cheia de altos sonhos, quis também aproveitar a empreitada, e sugeriu que a gente (re)lesse desde o começo. Pra realmente termos uma EXPERIÊNCIA. Eu, sendo eu e cheia de preguiças, disse NÃO, VALEU. E lá fui ler só Princesa na Balada, Princesa no Limite, Princesa Mia e Princesa para Sempre. Portanto, minhas memórias dos primeiros são um tanto borradas. Confio em sua capacidade de recapitulação, Dayse.

2O Diário da Princesa: OK. Então da primeira vez que eu li, eu lembro de três coisas específicas: eu achava a Mia muito engraçada, eu adorava as listas e odes que ela escrevia, e eu era muito fã da Tina. Sei que li os livros umas três vezes nessa mesma época (entre os 12 e 17 anos) mas não me lembro de ter tido nenhuma reação de “wow, nunca tinha percebido isso antes!”.

Quando li o livro recentemente, porém, eu me lembrei de outras coisas de que eu gostava muito: o Mr. G, o grupo de amigos diversificado da Mia (mais sobre eles em breve), o Lars e o Wahim (guarda-costas da Tina!), os pais da Mia (eu tenho uma afeição muito grande com o pai dela!), o Rommel (o cachorro doente da Grandmére), e até mesmo a própria Grandemére, pelo fator cômico da coisa. Foi bom lembrar dessas coisas, foi bom rir de piadas que eu tinha esquecido. Foi bom, foi bom. Eu estava aliviada pelo fato de que, pelo menos nesse livro, as minhas memórias não precisavam ser manchadas com verdades amargas.

1Certo. Certo. A primeira frase do primeiro é sobre como parece que tudo que a Mia faz é mentir. Isso é muito profundo em algum nível. Michael é fofo. Coisas acontecem.

A Tina é mesmo a mais descolada.

Segundo: Mia tem um admirador secreto! É O KENNY! Coisas acontecem.

Coisas… boas? Ruins? Coisas!

2Vamos analisar por um segundo a personalidade da Mia, shall we? Isso vai ser importante para questionamentos existenciais mais tarde.

Ela tem 14 anos, em certas formas age como se fosse a adulta de casa (mãe dela é uma artista que não tem muita cabeça para fazer coisas triviais como pagar contas). Mas no geral ela é bem dramática e imatura. Por enquanto, esses traços são apenas engraçadinhos. Dão um charme. Não é nada que te faça arrancar os cabelos frustrada, é só algo que te faz balançar a cabeça sentindo pena e pensando “oh, Mia”.

Ok, aí no livro dois aparece o Kenny, que tecnicamente é o primeiro teste de caráter da Mia. Isso fica mais claro no livro três, mas basicamente no segundo a Mia fica toda chorosa, porque todas suas amigas têm namorados e ela não, e ela fica com aquele pensamento clássico de “o que tem de errado comigo????” e o sentimento dela pelo Michael vai crescendo e ela não sabe exatamente como ele se sente, porque no fundo ela acha que tem alguma coisa, mas ao mesmo tempo não tem nada CLARO. Uns e-mails anônimos começam a chegar, e ela fica achando (torcendo) que seja o Michael. É algo importante, já que nos andou falando do tanto que ela não é desejável e que ninguém gosta dela de um jeito especial, e aí aparece esse cara que se esforçou em mandar recados em momentos difíceis, de estresse, só para ela se sentir melhor. E que também demonstrava com muita clareza que achava ela o MÁXIMO.

Mas não era o Michael. Era o Kenny.

(fim de livro dois é mãe dela fugindo pra casar com Mr. G porque ela está grávida e etc)

Daí livro três começa com Mia já namorando Kenny. Isso aconteceu simplesmente porque ela não sabia falar não. Ela se sentiu na obrigação de falar sim e aí, bang!, um namorado. Agora, Mia não estava feliz. Tudo que ela queria era um cara que gostasse dela por ela mesma, e Kenny era um meninão desengonçado, mas gente boa. Qual era o problema?

Michael.

Então… basicamente… Mia tinha topado namorar um cara sendo que ela estava apaixonada em outro.

Não estou julgando a Mia. Isso é uma coisa comum de acontecer e tals, ninguém é perfeito. Mas ao ler esse livro de novo, recentemente, eu percebi que essa a primeira vez em que Mia mostra o tanto que ela passa pouco tempo pensando nos sentimentos dos outros. Quer dizer, no dois primeiros livros ela constantemente chama Boris e Tina de freaks por coisas idiotas (Tina anda com guarda-costas, who cares? Boris coloca suéter dentro da calça, WHO CARES?). Na verdade, Mia tem um comportamento bem judgmental com todo mundo, mas com Boris e Tina eu fico especialmente revoltada, porque eles são pessoas boas que sempre foram bons amigos pra Mia.

ANYWAY, esses são defeitos válidos e tal, algo que é até legal de apresentar no começo de uma série, pra que ao longo dos livros a gente perceba o que melhorou o não.

E aí Mia está com Kenny simplesmente porque não soube falar não, e continua com Kenny simplesmente porque não tem coragem de terminar. E ELA COMEÇA A MANDAR CARTAS DE AMOR PRO MICHAEL ENQUANTO AINDA NAMORAVA KENNY (sem contar que existia a possibilidade de Michael estar namorando a Judith que clona moscas. Então, tecnicamente, os dois estavam num compromisso, do ponto de vista dela).

Mia reclama constantemente que Grandmére sempre faz as coisas pelo próprio interesse, mas a Mia, time after time, faz o mesmo. E ao longo do tempo, só vai piorando.

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1Eu não sei a Mia vai se tornando mais frustrante ou se é a gente que começa a perder paciência. Aliás, isso levanta questão sobre imperfeição de personagens! Quando eu vejo uma resenha no Goodreads em que uma pessoa diz não ter gostado do livro X (tá, livro X geralmente é um livro de que eu gostei e aí me sinto um tanto defensiva e coisa e tal, mas às vezes me irrito com resenhas bobas até de livros que detestei! TENTO SER JUSTA! UM POUCO!) porque a protagonista é, sei lá, pretensiosa, eu fico… “e daí?”. Complexidades são interessantes, certo? E a Mia é, de alguma forma, complexa: introvertida, mas subitamente posta sob holofotes; sempre pronta pra julgar (uma característica que  definitivamente não significa que ela expresse esses julgamentos); supostamente faz parte da galera nerd, mas sua situação com Exatas vive em estado periclitante. Por aí vai.

E da metade da série em diante eu não aguentava mais a Amelia Thermopolis.

Sim, acredito que nem toda figura que aparece em uma narração precisa te fazer pensar “ai, gostaria de tê-lo(a) como amigo(a)!!!!!!!” pra ser considerado um bom personagem — mas o PONTO é… aliás, um dos pontos é que precisa me entreter. E a Mia vai te entretendo cada vez menos. Quer dizer, eu posso passar centenas de páginas com uma assassina esnobe e no fim ficar pedindo por mais!

Bom, provavelmente eu nunca clamaria por DEZ livros, mas enfim.

O outro ponto: quão consciente das falhas o autor está? Por um lado, as neuroses da Mia são notadas por outros personagens, e no fim há o reconhecimento de que ela se tornou uma pessoa mais madura. Então é seguro afirmar que a Meg Cabot tem ciência de alguns problemas da Mia, e eles são intencionais! Por outro, nossa protagonista nunca realmente nota que dá pouca atenção pros amigos e que julga todo mundo…?

2Não importa que cada livro descreva só uma semana (às vezes um mês) da vida de Mia. É pouco tempo, mas mesmo assim é um livro com MUITOS acontecimentos. E apesar de ela passar maior parte da série com 14/15 anos, ainda sim nós lemos vááários livros em que os mesmo erros e defeitos são repetidos. Não é uma evolução e isso começa a cansar. Enquanto era engraçado no segundo livro quando ela falava “Acabou. Minha vida oficialmente acabou”, fica meio idiota quando ela diz exatamente o mesmo no quinto e no oitavo, etc. Como leitor, você fica “sério? ACABOU? PRA VALER? VOCÊ PROMETE??”

No livro quatro, Mia vai pra Genovia, fica insegura quanto ao relacionamento que tem com o Michael e acha que ele só a ama como amiga. Ela volta e ele esclarece. No quinto, ela faz um drama porque Michael não a chama pra festa de formatura, achando que ele vai querer chamar alguém melhor, só pra descobrir depois ele nem quer ir pra formatura. No sexto, ela fica insegura com Michael na faculdade e toda a pressão de fazer sexo.

Eu sei que insegurança em relacionamento é algo comum, e eu acho muito bom que isso seja representado em livro, principalmente com Michael e Mia, que obviamente se amam, mas estão em momento tão diferentes na vida emocional deles. O meu problema principal, acho, é a narrativa. Se a insegurança acontecesse em um só livro, e no seguinte algo drástico ocorresse, acho que seria melhor, no ponto de vista ~literário~. Mas o que a gente tem é a mesma insegurança aparecendo de novo e de novo, e ela tendo que receber afirmação do Michael, de novo e de novo, como se ela tivesse algum distúrbio de comportamento que a impedisse de APRENDER A LIÇÃO.

Então, por ficar incrivelmente cansada de Mia falando das mesmas coisas no diário, a gente começa a se apegar às outras pessoas da história, e aí o grande questionamento: POR QUE MIA NÃO ERA MAIS ENVOLVIDA NA VIDA DESSAS PESSOAS?

Ela tinha um grupo de amigos bastante variado, pessoas interessantes que estavam passando por problemas difíceis assim como ela. Pessoas que eram consideradas freaks por todos na escola, e ainda tinham que lidar com pais superprotetores, ou descoberta de sexualidade, ou término de namoro, etc, etc. Mas a gente só vê isso de passagem, pelos olhos da Mia. Que tipo de amiga ela era? Por que ela não estava mais interessada em consolar e ajudar e se envolver com seus amigos? Por que ela não passava mais tempo com eles? Vez ou outra era mencionada algum tipo de atividade descolada que eles estavam praticando e Mia simplesmente… não estava lá. Nem mesmo com o Lars, que estava com ela CONSTANTEMENTE, tem um relacionamento de amizade real. A gente sabe que ele já foi casado três vezes! Hm, isso mostra que ele tem problemas de relacionamento! Mia nunca se interessou em ajudá-lo com isso? I mean, Lars a ajudou incontáveis vezes com problemas dela, porque ela não poderia fazer o mesmo…?

1Falando em período de cada livro: a distribuição de tempo é realmente esquisita. A gente tem um único livro da Mia no último ano da escola. E é uma Mia diferente: menos dada a exageros, e um tanto mais racional. Acaba com você tendo a sensação de que o relacionamento com o Michael vai durar por muito, muito tempo, porque agora é uma conexão MADURA e BALANCEADA e blablablá. (Não que o Michael seja o único parâmetro para medirmos comportamento da Mia! Mas é um bom indicador, considerando que ela… fala… bastante dele.)

Passamos por um monte de histórias da Mia sendo insegura — tipo, no sétimo ela acha que o Michael vai terminar com ela porque ela dançou de um jeito meio engraçado na festa dele. Esse é um dos GRANDES enredos do livro. O medo de ter feito uma dança horrível.

E aí no fim temos uma Mia melhor!

Só que a gente não viu essa evolução realmente acontecer! E é MEGA frustrante!!! Não tem aquilo de “ah, todas aqueles momentos ruins valeram a pena porque culminaram isso!”. Os momentos ruins acontecem. E aí vem um tempo que não vemos. E cortinas se abrem de novo pra nós.

Você mencionou sexualidade e, é, eu REALMENTE quero falar sobre isso! Notou o relacionamento da Perin e da Ling su na primeira vez que leu?

2Perin nem aparece nos primeiros livros, e Ling Su na verdade tem um NAMORADO. Então, tipo, obviamente Ling Su passou por GRANDE CRISE no ensino médio e Mia disse: nada sobre. Ela até deixa implícito que nenhuma delas contou pros pais ainda, já que elas acharam meninos pra ir pra formatura com elas só por aparência.

TIPO!!!!! POR QUE MIA NÃO COMENTA SÓ UM POUQUINHO DESSE DRAMA NO DIÁRIO? GERALMENTE É UM DRAMA BEM INTENSO, SABE. DRAMAS QUE DEIXARIAM AMIGOS PELO MENOS “woooow as coisas estão mesmo difíceis pra Perin e Ling Su. Queria poder ajudar…”. MAS NADA DISSO! O que acontece é que fica sutilmente sugerido no livro que as duas não são heterossexuais. Tão sutil que na verdade ela teve que confirmar o fato depois, em uma entrevista. (Quando questionada se Perin e Ling Su eram um casal, Meg Cabot respondeu brevemente que “sim, elas são”.)

TIPO, NADA CONTRA SUTILIDADE, MAS MEG CABOT NUNCA FOI MUITO SUTIL, NÉ? I mean, cenas de sexo em si são fade to black, mas todo o resto é bem direto. Tipo, ela fala de Mia aprendendo a se masturbar no banho no oitavo livro. Então ela obviamente não é uma puritana. Só quando o assunto é relacionamento homossexual, daí ela é Dona Sutileza!

Então, é, de primeira eu nem tinha sacado que elas estavam juntas, mas como amei muito o livro 10,  li de novo e fiquei super “olha só…”, mas foi só de passagem e acabei esquecendo mais uma vez, ATÉ QUE GIUDICE LEU E COMENTOU E EU FIQUEI “AH, É!”

1Eu achei a decisão de Cabot de nos dar, como último relance das personagens, elas tendo que mentir muito triste e bizarra! E pois é, a Mia diz que os garotos que as acompanharam na festa de formatura foram pra “benefício dos pais”, e eu fiquei, tipo, OI? A senhora autora passa TODO ESSE TEMPO sem mencionar o relacionamento, e no fim quando, de alguma forma, endereça o fato, nem deixa ser algo TRIUNFAL? Esse é o momento e o modo com que ela resolve tocar no assunto? WHAT. THE. FUCK. E sinceramente, a “sutileza” com que Perin e Ling Su foram tratadas na história me pareceu absurdamente ofensiva. A Mia comenta de namoros das amigas, mas a Mia NUNCA fala do namoro que está acontecendo ENTRE suas amigas???????? HÃ? E A CABOT NÃO PODE NEM NOS DAR UM MOMENTO DE, SEI LÁ, MIA NO FIM VENDO AS DUAS DANÇANDO E SE PEGANDO OU ALGO ASSIM?? EM QUE SÉCULO EU ESTOU?????

2Voltando pro livro sete: acho que era engraçadinho, mas lembro que na época que li achei meio que encheção de linguiça? Foi mais ou menos nessa época que eu comecei a pensar que só estava acompanhando a série ainda porque já tinha investido tempo demais nela. Mas o prazer de ler não era mais o mesmo, infelizmente. (detalhe: DE NOVO MIA ACHANDO QUE MICHAEL IA TERMINAR COM ELA. POR QUE ELA FICA NESSA TODO LIVRO??? No fim, quando eles terminaram, foi bem ela que começou) (mas não vamos nos apressar).

1E o livro oito é… eu nem sei. Sério. Michael avisa que vai se mudar pro Japão. Em menos de uma semana. Perfeita oportunidade pra choros loucos.

Eu realmente tive dificuldade pra terminar esse. Bom, tanta dificuldade quanto você pode ter com um livro que dá pra acabar em três horas.

Princesa no Limite é definitivamente o fundo do poço de Michael e Mia: eles terminam, ele vai pra outros país, ela tenta ir atrás dele no aeroporto mas não consegue. E nem triste me senti, porque os bons tempos dos dois já tinham passado. Eles não eram parceiros pra valer! Rolavam pegação boa e uns poucos momentos fofinhos, mas Mia sempre pirava por por algum motivo e no fim Michael a assegurava de que gostava dela do jeitinho que é ou whatever. Não diria que ele estava sendo condescendente com ela, mas, como leitora, é uma relação bem chata.

(Só um esclarecimento de que não eu acho que o Michael seja melhor que a Mia e que ela não o merece ou algo do tipo — odeio esses conceitos! Mas como a Dayse disse, eles totalmente estão em níveis emocionais diferentes em grande parte da série.)

Queria que a Mia o tivesse ajudado em momentos complicados dele (o máximo que acontece é a separação dos pais do Michael) (sei que seria um tanto frenético se o Michael tivesse o mesmo número de dramas que a Mia e sei que ele é pra ser o cara cool e calmo e um porto seguro, mas mesmo assim duvido que ele não tenha ALGUM TIPO DE PROBLEMA)! Queria mais dos dois conversando sobre coisas bestas e rindo e apreciando companhia um do outro — algo que eu senti que eles faziam mais ANTES de namorarem, o que é estranho.

Cabot deve ter percebido que era hora de sacudir a relação, mas não acho que o modo com que ela executou essa separação foi… muito bom. Por sinal, me pergunto se ela se arrepende de não ter feito o Michael ao menos um ano mais novo? A diferença entre estudante de faculdade e estudante de ensino médio é inevitavelmente um tanto awkward.

2 Eu me lembro que quando terminei, fiquei tão… chateada. Eu acho que não exatamente com a qualidade da escrita (não imagino que tenha prestado atenção nisso na época. Minha preocupação principal era o destino dos personagens), mas eu me senti tão traída com a forma que todas as coisas aconteceram e foram abordadas e sei lá?

Mas aí, levando em consideração a Mia do décimo livro, eu fico pensando… será que essa é a narrativa que a Meg estava pretendendo o tempo todo, ou ela só estava enrolando com desastres sem motivo?

Porque o término de Mia e Michael é um eco de todas as inseguranças que Mia tinha desde o quarto livro (e até nos três primeiros também, com toda aquela coisa de “naaah, Michael não gosta de mim”). Mas o fato de essas inseguranças terem sido resolvidas todas as vezes que aconteceram faz com que essa última vez seja idiota, porque a gente sente que Mia should know better, sabe? E MAIS UM VEZ ELA ESTAVA SENDO TÃO EGOÍSTA. Sempre que ela tem as obrigações de princesa dela, o Michael é compreensivo e tals, mas aí ele tem que fazer uma viagem temporária para Japão e ela fica toda “NÃO NÃO TEM QUE FICAR POR MIM!!”, o que é injusto. Tipo, ela poderia se sentir mal com ele indo, e sentir dor e etc, e talvez término poderia ter acontecido por um mal entendido e falta de comunicação por causa de cada um dum lado diferente do mundo, sei lá… Eu só achei todo o drama da Mia de perder virgindade e achar um absurdo que Michael não era mais virgem uma coisa tão… sei lá. De onde é que ela tirou essa ideia toda puritana, pra começo de conversa???? Ela cresceu com a mãe, que tinha vários livros de sexo pela casa (é mencionado nos primeiros livros), e com a Lilly que é toda liberal e sei lá???

OPA OPA. OLHA SÓ EM QUE ASSUNTO CHEGAMOS. A INFAME LILLY.

Não sei nem por onde começar…

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1 Lilly. Em meu retorno ao mundo de Diário da Princesa, logo fui lembrada do quanto Lilly e Mia têm uma relação simplesmente horrível. Numa ocasião em que as duas se inscrevem num concurso de histórias, Mia não ganha e logo pede aos céus que a Lilly também não tenha sido vitoriosa. É… bizarro, porque são pensamentos sérios, não um “argh, vai ser meio constrangedor eu ter perdido se a Lilly tiver sido a vencedora!”! Não, é 100% ela não querendo o bem de uma suposta melhor amiga! Suposta porque… a Lilly é péssima, PÉSSIMA. Ela ignora vontades da Mia com uma facilidade quase psicopata. E aí a Mia cria todo um comportamento passivo-agressivo!

Ah, quando a Grandmére diz que a Lilly parece um cachorro pug, a reação da Mia é pensar “ahá, sabia que não era a única que via isso”.

TIPO….

Tipo.

Yeah.

2As duas foram muito tóxicas uma para a outra, e acho que isso acabou afetando a forma que Mia lidou com todas as amizades de sua vida. Tipo, talvez ela passava tanto tempo obcecada com os próprios problemas porque Lilly fazia questão de agir como se problemas de Mia fossem nada, então Mia adquiriu um comportamento bem “se eu não focar em mim mesma, ninguém vai”.

(De novo, não sei se a Meg Cabot fez isso de propósito ou acidente. SERÁ ELA UM GÊNIO OU ALGUÉM COM SORTE?)

Eu só acho injusto, por exemplo, o tanto que toda essa dinâmica acaba afetando Tina, que obviamente não tem um espaço tão grande na vida de Mia como a Lilly, e que sempre foi uma amiga leal e boa e supportive. Eu não consigo superar o tanto que Tina foi diminuída nesses livros. Certas partes a gente pode até perceber ela sentindo um pouco de medo, tipo, hesitando em falar certas coisas pra Mia, porque 1) ela nunca quer machucar os sentimentos de ninguém e 2) Mia é a primeira amiga que ela teve, e ela tem muito medo de perder isso, porque ela sabe que a Mia ENLOUQUECE com as menores coisas. É muito triste uma amizade onde a pessoa sente que está pisando em ovos, e acho que o motivo de Tina sentir isso é porque a interação entre Mia/Lilly acaba ecoando em todos os outros relacionamentos de Mia. Enquanto uns tem daddy issues e outros mommy issues, acho que podemos afirmar que Mia tem BFF issues.

1E enquanto brigada com Lilly, a Mia começa uma amizade com… Lana! É estranho que, lááá no começo,  Mia também teve uma aproximação com Tina enquanto passava por uma fase ruim com a Lilly. BASICAMENTE: LILLY BRIGAR COM VOCÊ GARANTE QUE VOCÊ VAI ACHAR NOVAS AMIGAS!

Achei envolvimento da Lana (e Trisha!) um tanto apressado, mas não consigo reclamar. Deixa a turma da Mia ainda melhor. SÉRIO, A GAROTA TEM A GALERA DOS SONHOS (e nem liga). Boris, Tina, Shameeka, Ling Su, Perin, e aí as MENINAS POPULARES entram no meio e é, nossa, uma mistura muito louca e ótima, mesmo que a gente mal presencie. Por sinal, esqueci de mencionar, mas no sétimo o pessoal (ainda pré-Lana-fazer-parte) vai estrelar um musical e eles combinam de faltar aula ao mesmo tempo pra poderem se reunir num cantinho da escola e ensaiarem por uma última vez, e parece TÃO ADORÁVEL E ENGRAÇADO, MAS PRA ISSO A MIA!! DEDICA!!! POUCAS!! LINHAS!!!!!!!!! Porque é obviamente muito mais interessante falar sobre como ela acha que o Michael totalmente a odeia. (MEGA, ULTRA, HIPER SPOILER: ele não a odeia.)

2Acho importante mencionar que toda a história da política em Genovia é bem legal, na minha opinião. Tipo, Mia está constantemente pensando em melhorias pro país, e mesmo que eu ache que ela não seja uma princesa muito boa na alma (toda aquela coisa de nunca se importar com os sentimentos dos outros), pelo menos a gente vê ela se esforçando um pouco aqui e ali pra fazer com que Genovia seja um lugar melhor.

Da metade do livro nove pra frente as coisas voltam a ficar suportáveis. Mia e Michael terminaram amargamente, mas depois que ele chega no Japão eles meio que ficam cordiais um com o outro por e-mails. Mia faz mais amizades quando Lilly se afasta, e até começa um relacionamento romântico novo, mais ou menos, com o J.P., que vira amigo dela no livro sete (antes ele era só mais uma pessoa da escola que a Mia amava chamar de Freak só porque não gostava de milho no chilli dele). Mas acho que acontecimento mais importante no fim do livro nove é Mia encontrando uma carta da Princesa Amelia que declarava democracia em Genovia. Mais ou menos o mesmo sistema que Inglaterra tem e tals. Mia ainda é princesa, mas agora o povo vota em quem realmente governa. O fato de Mia trazer isso à tona, mesmo com o perigo de seu pai perder o posto de governante (o que ele gosta de ser, e não pelo poder, mas porque ele gosta de administrar o país e melhorar as coisas) faz com que você meio que esqueça as pirraças de Mia. Ela nos irritou sem fim nos últimos livros, mas olha… pelo menos ela está… dando lugar para novas prioridades!

1Essa parte é surpreendente porque me peguei super “ISSO AÍ, MIA!”. E aí me lembrei que, é, em outros tempos eu ficava feliz com as conquistas dela! Bom, ela não andava tendo muitas oportunidades pra conquistas nos volumes anteriores.

2 E aí temos o último livro, que é tipo, um ano depois do fim do nono. (acho que até mais que um ano?)

É um choque porque nunca ficamos tanto tempo sem saber da Mia, e também porque ela é uma pessoa muito diferente agora, bem mais madura. Mas por mais que esse mudança seja positiva, é frustrante que não tenhamos acompanhado esse desenvolvimento dela. A gente meio que se sente roubado, sabe? Tivemos que aguentar tantas coisas idiotas e nem pudemos ter a satisfação de ver Mia se arrepender de certas coisas racistas e machistas que já falou? Ou dar uma olhada nos seus diários antigos e declarar “wow, eu meio que era uma babaca?”. Tenho certeza que nesse último ano que se passou, coisas assim devem ter acontecido. Eu consigo imaginar bem como isso seria, já que certas pessoas fazem questão de desenterrar tweets meus de anos atrás, quando meu comportamento e reação à coisas era bem diferente. Então… é. Foi estranho encontrar Mia já toda bem ajustada. Mas antes isso do que nada, acho.

Eu gostei muito do último livro. Não sei se foi porque minha decepção com os livros anteriores tinha sido tão grande que minhas expectativas estavam lá embaixo e o que li pareceu uma obra-prima comparado com o que estava esperando, ou se foi mérito do livro mesmo. Mas eu fiquei feliz, no geral, com o fim da série. Ainda assim, guardo ressentimentos de cenas não descritas de amigos descolados, personagens não explorados, desenvolvimento não exposto, etc.

Se a intenção da Cabot era mostrar uma menina incrivelmente imatura e dramática e louca se transformando em uma menina relativamente ajustada e pronta para auxiliar no governo de um país… ok, acho que a missão foi cumprida. Mas não muito bem, porque 1) a gente não vê, DE FATO, o desenvolvimento e 2) narrativamente falando, dez livros não eram necessários.

1(Sobre coisas racistas: a Mia quase sempre tem boas intenções, mas ela é frequentemente condescendente, de um jeito bem… americano? Ela teme que o Michael vá ficar com uma gueixa quando for pro Japão — mostrando seu enoooorme conhecimento cultural! —, ela fica preocupada com a mãe indo pro México e bebendo água lá porque aí o irmãzinho dela vai correr risco de nascer com “barbatanas nos pés”, etc. E machistas: acho que nem precisa falar nada, né…? Vira e mexe, Mia faz um slut shaming.)

No último livro, gosto como a Mia e o Michael se reúnem de um jeito… discreto. Claro que às vezes eu AMO grandes declarações em filmes, mas aqui fica o contraste entre o exagero do J.P. e o jeito do Michael, que é simplesmente… Michael.

Se eu pudesse ter feito uma adição, seria… peraí, precisamos retroceder antes de eu explicar. Então, em Princesa na Balada, o Michael chama a Mia pra ver filmes que ele precisa ver pra uma aula. São filmes de ficção científica que a Mia escreve no diário que são um saco e mega deprimentes, mas ela não fala nada, porque passar tempo com o namorado já é alegria o suficiente! Livro nove: Mia vai ver o musical de A Bela e a Fera com o J.P., e ela se lembra de quando viu Tarzan com o Michael na Broadway, e sobre como uma hora ele chorou de rir de tão ridículo que estava achando. Mostra um pouco como os dois viam o relacionamento de formas diferentes. Mia provavelmente não teria tido problemas em ser sincera sobre filmes e livros quando o Michael era só o irmão engraçadinho da Lilly, mas em outro estágio ela não mais se sentia em um nível de segurança que desse liberdade de falar tudo o que quisesse. E se o Michael a achar uma idiota? E se ele terminar com ela?

Então, realmente amaria que enquanto eles estivessem se beijando no livro dez, Mia desse uma pausa e dissesse “ei, sabe aqueles filmes de distopia que vimos juntos? EU ACHEI ELES INSUPORTÁVEIS” e o Michael ficaria “hã????”, mas aí eles voltariam a se pegar. Eu só queria um MOMENTO SIMBÓLICO, sabe?

E apesar da volta deles ser bacana e tal (não me fez dar risadinhas maníacas de felicidade nem nada, mas não me fez PASSAR RAIVA, o que é um lucro!), eu… 100 por cento sinceramente… não consigo muito entender o motivo do Michael ter ficado quase dois anos pensando na Mia? EU SEI, EU SEI, estou sendo cínica, mas é que o namoro deles foi, hã, bem mais ou menos?

ENFIM. No final, eles fazem sentido juntos. O que é meio que o que importa?

Mas é, dez livros são… muita coisa. Se você sofre com trilogias, imagine se decalogias entrarem em modas!

E assim foi minha jornada com O Diário da Princesa! Valeu a pena terminar? Bom, minha visão geral da série foi um tanto balançada (argh, oitavo livro, ARGH), mas acho que… sim? É bom poder dizer, ei, ACABEI O DIÁRIO DA PRINCESA!!!!!!!!!!

2Hm, sobre Mia e Michael… acho que Michael não ficou esse tempo todo… celibato, sabe. Mas acho que Mia reagiria bem melhor quando esse assunto viesse à tona. Acho que o que Michael sentia com Mia é que ela é meio que BFF dele? Tipo, desde o primeiro livro fala do tanto que eles não calam a boca quando estão juntos e tal, e acho que ele admira as coisas nobres que ela faz e quando ela põe o pé no chão. Então esse sentimento de amor que ele sente por ele está meio que em conflito com a frustração com as inseguranças e imaturidades dela. Desde o começo o relacionamento deles estava fora de balanço porque eles tinham equilíbrio emocional bem diferente. Acho que o Michael ter insistido no fim pra que eles voltassem, toda aquela coisa de “i’m not sorry, i can wait”, é meio que resultado do que ele viu da Mia depois que ele voltou. Tipo, o fato de ela estar finalmente na mesma página que ele, acho.

Não é uma série perfeita, descobri que tenho váááárias issues com ela, mas marcou minha vida, me feliz. Acho que é o que conta.

1E sim, “rosas são vermelhas/violetas são azuis/você pode não saber/mas eu também amo você” sempre será um dos AUGES da minha existência.


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